Review: Giovanni Improtta (2011), de José Wilker

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Giovanni Improtta surgiu nos anos 70 no livro O Homem que Comprou o Rio, de Aguinaldo Silva, mas foi em 2004, na novela Senhora do Destino, da Rede Globo, que o personagem interpretado por José Wilker conquistou o País. Alcançando altos índices de audiência, a novela possibilitou que Wilker ganhasse diversos prêmios pela interpretação, como o Troféu Imprensa e o Prêmio TV Press. Para manter a imagem do bicheiro que queria ser estrela, o criador escreveu Prendam Giovanni Improtta, em 2005, obra literária que serve de suporte para o filme que carrega o nome do personagem.

A comédia, que abriu a Mostra Competitiva de Longas-Metragens do 17º Cine PE – Festival do Audiovisual, conta a história de um contraventor que adora aparecer. O desejo de ser celebridade, porém, fica comprometido quando ele se torna alvo da polícia e da mídia, que o acusam de um injusto crime. O personagem politicamente incorreto, mas crítico por natureza, é conhecido pela redundância do uso pronominal nas frases, além de confundir certos termos populares. O próprio cartaz do filme traz a frase: “Ele está de volta em charme e osso”.

Tentando fugir das comédias enlatadas, que ironicamente são sucesso de bilheteria no mercado nacional, Wilker buscou em sua experiência internacional referências cinematográficas (Quentin Tarantino, Martin Scorsese e Tintim, para citar algumas) que pudessem se encaixar na película, aliado ao fato de que Giovanni Improtta mistura vários ícones do cinema nacional em um só personagem. Assim, o canal de comunicação com o público se estabelece rapidamente durante a projeção.

O roteiro de Giovanni Improtta foi desenvolvido há alguns anos, mas se mostra bastante atual. Em um momento em que se discute religião e política, além dos descasos sociais de sempre, o longa alfineta as instituições que supostamente detém o poder na sociedade, de forma bastante polida. Mesmo assim, a trama não consegue atingir um nível suficiente de entretenimento, pois um longa sobre o personagem não consegue se justificar per si.

Felizmente, o elenco conta com astros do humor que compensam determinadas falhas do script. Destaques para a sempre competente Andréa Beltrão, como a esposa do protagonista, e para André Mattos, como o Delegado Paulinho. O trio Othon Bastos, Hugo Carvana e Milton Gonçalves é absurdamente desperdiçado em um núcleo que teria muito a acrescentar ao longa. Jô Soares também faz uma pequena participação e é sempre bom vê-lo em cena.

Se a comédia se perde no meio do caminho, vale ressaltar pelo menos as competentes direção de arte e de fotografia, que criam um universo requintado e cheio de cores, bem característico do personagem. Por fim, o longa tem o potencial de agradar bem mais a quem acompanhou a novela Senhora do Destino, se perdendo entre os espectadores cada vez mais exigentes.

Avaliação: 4/10

Esse filme fez parte da programação do 17º Cine PE – Festival do Audiovisual, em abril/maio de 2013, e a crítica foi adaptada de matéria especial publicada por este autor no Jornal Diário do Nordeste e publicada no Cinema com Rapadura.

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