Documentário “Pastor Cláudio”, de Beth Formaggini, ganha exibições em Fortaleza

O longa venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Vitória 2018 e participou de diversos festivais internacionais
O longa venceu o prêmio de melhor filme no Festival de Vitória 2018 e participou de diversos festivais internacionais

“Pastor Cláudio”, documentário escrito e dirigido por Beth Formaggini, será exibido nos dias 23 e 24 de outubro, às 19 horas, no Cineteatro São Luiz, em Fortaleza. O filme mostra o encontro entre o bispo evangélico Cláudio Guerra — ex-delegado responsável por assassinar e incinerar opositores à Ditadura Militar no Brasil (1964-1985), — e Eduardo Passos — psicólogo e ativista dos Direitos Humanos, que trabalha no atendimento a vítimas da violência do estado ontem e hoje.

No longa, Pastor Cláudio, respaldado por uma interpretação contestada da Lei da Anistia e hoje membro ativo da comunidade evangélica, revela, dentre outros crimes, como fazia para desaparecer com corpos durante sua atuação como agente do estado brasileiro no período da Ditadura. Com a abertura política, Cláudio trabalhou na segurança pública replicando os métodos do passado. Para registrar o diálogo entre o pastor e o psicólogo, a diretora monta um cenário com um telão em que são projetadas fotografias e vídeos de militantes assassinados de um passado que perdura.

“Neste filme, propus uma conversa entre Cláudio e Eduardo durante a qual se projetam as imagens, permitindo-nos ver a vinculação de Cláudio à violência do Estado praticada naqueles anos, além de perceber sua frieza aterradora”, explica a diretora. “A interação dos dois personagens e as cenas e fotos no telão, que também são projetadas no corpo de Cláudio, trazem à tona memórias e reflexões sobre a banalidade do mal e seus desdobramentos. A violência dos homens e do Estado continua a nos assombrar até hoje no Brasil e no mundo”, conta Formaggini.

O longa surgiu a partir da investigação de Formaggini na direção do documentário “Memória Para Uso Diário” (2007), sobre o Grupo Tortura Nunca Mais e os desaparecidos políticos da ditadura. Em 2012, foi lançado o livro “Memórias de Uma Guerra Suja”, em que Rogério Medeiros e Marcelo Netto reuniram depoimentos de Cláudio Guerra. A partir deles, a diretora conseguiu respostas para casos que permaneciam sem esclarecimento da Operação Radar (1973-1976), que executou 19 integrantes do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Foi então que a cineasta partiu para Vitória em 2015 com objetivo de entrevistar Cláudio Guerra, em companhia de Eduardo Passos.

No dia 23, a sessão será seguida de debate. Estarão presentes Lúcia Alencar, da Secretaria da Proteção Social Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS); Pastor Jamieson Simões, coordenador de Disciplina da Secretaria de Trabalho e Desenvolvimento Social e militante dos direitos humanos, e Phillipe Bandeira, professor paraibano, realizador audiovisual, antropólogo e doutorando em Comunicação (UFPE), que vai coordenar a mesa.

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