Crítica | Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar (2017), de Joachim Rønning e Espen Sandberg

Avaliação: 2.5/5

Seis anos depois do quarto filme da franquia, “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” estreia com mais uma aventura em alto mar estrelada pelo Capitão Jack Sparrow. A franquia, originalmente lançada em 2003, tenta se renovar, mas repete o mais do mesmo.

Jack Sparrow já não é mais tão engraçado assim e suas atitudes são previsíveis. O papel que rendeu a Johnny Depp sua primeira indicação ao Oscar enfrenta tanto o sucateamento da persona do pirata bêbado quanto a fase ruim da imagem do ator. Talvez por isso, o novo longa-metragem explore novas alternativas para dar continuidade à franquia.

Claro que Jack Sparrow continua o centro das atenções, mas o vilão Salazar, interpretado por Javier Bardem, tem tanto destaque quanto. Também viram atrações da película o novo casal interpretado por Brenton Thwaites e Kaya Scodelario, que tentam suprir a falta do antigo par romântico vivido por Orlando Bloom e Keira Knightley. Ou nem tanto, visto os rumos que a trama segue.

O mérito de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” está na escalação dos diretores noruegueses Joachim Rønning e Espen Sandberg, que chamaram atenção com “A Aventura de Kon Tiki”, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013.

Mesmo cientes de que estão fazendo um blockbuster em que o estúdio responsável comanda as principais escolhas para o filme ser um sucesso de bilheteria, os diretores trazem certo frescor estético e visual do longa. Seja durante um roubo a banco ou na abertura vertiginosa do mar, além da hilária navalha que corta-não-corta cabeças, três momentos empolgantes da obra, quando os cineastas brincam com a percepção do público de forma criativa.

O roteiro, no entanto, tenta justificar sua existência procurando propor novos caminhos para que a franquia continue a receber futuros derivados. A vingança de Salazar que dá título ao longa acaba sendo menos importante do que as tramas paralelas, como a questão paternal da astrônoma Carina, papel de Scodelario, e toda sua relação familiar e com o universo.

Os efeitos visuais continuam competentes, afinal o generoso orçamento de US$230 milhões possibilita reproduções perfeitas do mar, de navios e da vida submarina. A trilha sonora confere o tom épico que a aventura sempre propôs, além de contar com um desenho de som primoroso.

“Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” é um blockbuster típico de encher os olhos, tecnicamente bem arrojado, mas que não esconde que sua fonte de criação tem se esgotado há algum tempo. Como filme de aventura, o longa-metragem ainda é superior aos seus dois antecessores, mas ainda não consegue manter a inventividade do original, que é elogiado até hoje.

Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.

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