Crítica | Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo (2018), de Ol Parker

Crítica Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo, de Ol ParkerAvaliação: 2,5/5

Em 2008, “Mamma Mia!” foi sucesso absoluto de bilheteria, com arrecadação de mais de US$ 600 milhões no mundo, e recebeu duas indicações ao Globo de Ouro. Além de um elenco estelar que teve o desafio de cantar, alguns pela primeira vez, nas telonas, o filme tinha um charme particular por não esconder suas influências bregas com uma trilha sonora contagiante composta pelos principais sucessos da banda sueca ABBA.

Agora sob direção de Ol Parker, “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo” volta ao cenário grego paradisíaco misturando duas linhas narrativas. No passado, vemos Donna Sheridan, interpretada originalmente por Meryl Streep e, agora, por Lily James, se apaixonar pela Grécia e pelos homens de sua vida. Já no presente, Sophie, filha de Donna, vivida por Amanda Seyfried, está prestes a abrir um hotel em homenagem à mãe que faleceu e retomará contato com algumas pessoas importantes da sua vida.

As temporalidades se misturam em busca de harmonizar os personagens carismáticos do primeiro com filme com suas versões mais jovens, algumas caricaturais demais. Não é fácil para Lily James incorporar o poder de um personagem feito por Meryl Streep, por isso o filme não coloca Amanda Seyfried em segundo plano. As sequências de Sophie não são apenas as mais familiares para o público, mas também as mais efetivas em termos narrativos. Sophie não é mais uma menina e precisa encarar os desafios da vida adulta.

O roteiro tem dificuldade de colocar a trama nos eixos. Apenas entre o segundo e o terceiro atos, o filme ganha fôlego. A reunião dos personagens e os afetos que movem essa grande família que é “Mamma Mia!” surgem mais dinâmicos, o que facilita as transições entre os conflitos dramáticos e os toques cômicos. As piadas funcionam, mais uma vez, com a parceria impagável de Julie Walters e Christine Baranski, que se divertem em cena.

Mamma Mia! Here We Go AgainCher é a principal novidade do elenco. A obra não deixa de mostrar o orgulho de ter a presença da cantora em algumas de suas cenas. Aos 72 anos, ela segue como uma das vozes mais poderosas da música internacional e é encantador vê-la interpretando as canções do ABBA. O enaltecimento de sua figura é tão grande que o roteiro nem se preocupa em aprofundar sua personagem.

Era de se esperar que “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo” sofresse uma baixa na trilha sonora, já que os hits mais conhecidos do ABBA estiveram no primeiro filme. Nesta continuação, a trilha parece não ter tanta força assim, ainda que ABBA tenha álbuns o suficiente para diversos filmes da franquia.

Faltam canções como “Honey, Honey”, “Money, Money, Money” e “The Winner Takes It All”, que não repetem a energia musical do longa anterior. Felizmente, “Dancing Queen” e “Super Trouper” são algumas que aparecem de novo para ligar os nós entre os dois longas, ao lado das ótimas “Fernando”, “Angel Eyes” e “I’ve Been Waiting For You”.

Talvez o diretor Ol Parker não esteja tão inspirado para conduzir os números musicais e de dança, sendo pouco criativo nos movimentos de câmera e dando pouco material para uma montagem mais efetiva. Mesmo sem a energia de seu antecessor, “Mamma Mia! Lá Vamos Nós de Novo” mantém o compromisso de agradar os fãs do grupo ABBA e de um elenco primoroso que se une em um trabalho visivelmente feito com muito carinho.

Publicado originalmente pelo autor no Jornal Diário do Nordeste.

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