Crítica | Little Boy – Além do Impossível (2015), de Alejandro Monteverde

Little Boy Cinepolis

Avaliação: Bom ★★★☆☆

Não é raro observar que alguns filmes infantis tenham perdido um pouco da inocência, trazendo mais personagens violentos, super-heróis de conduta duvidosa e afins. Tem dado certo para a nova geração inquieta e consumista, mas é sempre bonito receber obras que ainda se preocupam em dialogar delicadamente com esse público. Ainda que “Little Boy – Além do Impossível” siga por essa linha a maior parte do tempo, o roteiro não evita explorar temáticas mais densas.

Dirigido pelo mexicano Alejandro Monteverde, que também roteirizou ao lado de Pepe Portillo, a história acompanha um garoto que vive grandes aventuras imaginárias com o seu pai. Solitário e constantemente alvo de bullying por sua estatura, daí o apelido Little Boy, a vida do menino muda quando seu pai viaja para a guerra. Na expectativa que ele volte logo, Little Boy conhece algumas pessoas que ensinam sobre os valores da família, os princípios da guerra e as transformações a partir da fé.

Se por um lado a inocência e a pureza de Little Boy permeia sua jornada, por outro o roteiro é mais pretensioso ao abordar política, religião e infância de forma didática, ainda que algumas vezes assuma um contexto de autoajuda que cai no melodrama excessivo. Mesmo com a diversidade de assuntos, a história não se perde principalmente pelo carisma do pequeno Jakob Salvati, que interpreta o personagem título. É possível se emocionar com a jornada do protagonista e torcer por um bom desfecho. É o que acontece. Como a trama não é exatamente ideológica, os roteiristas não buscam transgredir o final feliz, ainda que as marcas da guerra permaneçam como principal herança daqueles personagens.

Além de carismática, a relação de Little Boy com o Padre Oliver (Tom Wilkinson) e com Hashimoto (Cary-Hiroyuki Tagawa) rende os melhores momentos do longa por abrir diálogo sobre os princípios da fé (excelente a cena que Little Boy compara discretamente seu gibi com as imagens religiosas na parede da igreja) e sobre intolerância política (Hashimoto é o inimigo da guerra vivendo isolado como persona non grata). O elenco ainda conta com Emily Watson, Kevin James e Michael Rapaport em atuações mais regulares, mas que não comprometem o resultado final.

O design de produção é extremamente cuidadoso em todos os segmentos da história, seja nas sequências de guerra ou nas cenas de fantasia. A montagem assume um papel importante para a trama, principalmente quando paraleliza as realidades vividas pelos personagens. “Little Boy – Além do Impossível” é um filme cuidadoso, claramente feito com bom coração não para ser uma obra de arte, mas para dialogar de forma honesta com o seu público direto.

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